Já disse Bethoven: “Não interrompa o silêncio se não for para melhorá-lo”. Foi nisso que pensei quando comecei a ler o livro de Lya Luft, “O silêncio dos amantes”. Primeiro, porque me instigou o que seria esse silêncio “apaixonado” e segundo porque o que seria melhor que o silêncio? Foi com esses dois pensamentos que passei as 159 páginas de histórias fantasiosas criadas pela autora. São contos de pessoas comuns, pessoas como eu e você, que não entendem nada (ou pouco) da vida, mas que mesmo assim vivem com vigor todos os dias. Pessoas que, por vezes, não percebem o silêncio, aquele que vem de dentro, que apazigua, que eleva.
Foi pensando também nos vários momentos de silêncio que temos que supus existirem várias formas de calar. Há o silêncio tristonho, ofegante, decrépito, apaixonado, esperançoso, momentâneo, incrédulo e perpétuo (e com certeza poderiam ser citados tantos outros). Para cada um deles um lugar, uma feição, um sentimento. Assim, cada silêncio revela uma emoção, ou a falta dela. Mas, antes que o nosso pensamento se perca, a autora lembra: “silêncio demais vira lamento”.
É dessa forma que Lya Luft apresenta histórias de pessoas apaixonadas, ora pela vida, ora pelos filhos, marido, pais e mães. Fala dessa paixão que mantém vivas pessoas felizes. A autora fala também da morte dessas pessoas e foi aí que ative meus pensamentos. Afinal, como parece injusto quando “algumas” pessoas morrem não é verdade? Surge uma raiva, um rancor, algo como inquietação e discordância dessa opinião da qual não somos consultados. Não interessa se éramos pessoas realmente próximas: a morte chega e pronto. Depois dela restam riscos de uma memória por vezes fantasiosas, resta a saudade, a amargura e a nostalgia de “ter ficado”.
Talvez por isso a autora fale tanto em silêncio. Talvez, então, a morte não seja nada mais que um silêncio prolongado. Desses que tememos alcançar e que só sabe quem viveu. Desses onde só “a dor faz parte” e onde os olhos não alcançam. Um silêncio que só quem fica para saber.
Talvez por isso a autora fale tanto em silêncio. Talvez, então, a morte não seja nada mais que um silêncio prolongado. Desses que tememos alcançar e que só sabe quem viveu. Desses onde só “a dor faz parte” e onde os olhos não alcançam. Um silêncio que só quem fica para saber.
“Entre o sim e o não é só um sopro, entre o bom e o mau apenas um pensamento, entre a vida e a morte só um leve sacudir de panos – e a poeira do tempo, com todo o tempo que eu perdi, tudo recobre, tudo apaga, tudo torna tão simples e tão indiferente”.
Boa Leitura!