10.30.2009

Duas Vidas


Há alguns dias passamos a desfrutar do horário de verão. Dias mais longos, noites mais curtas; o sol e o calor. Com a chegada da estação mais quente do ano, mudamos alguns hábitos; aproveitamos mais o tempo em que o sol brilha; e passamos, então, a adquirir o tal “espírito do verão”. É sempre assim: a cada ano, o horário novo vem, muda; uns reclamam, outros aprovam e seguimos em frente, vivendo de maneira corrida o pouco tempo que temos.
Indiferente de que horas sejam agora, a sensação é como se nunca fizéssemos tudo o que é preciso; como se não fosse dar tempo para realizar algumas tarefas; como se perdêssemos tempo a cada minuto que paramos no semáforo à espera do sinal verde. E quando ele “abre”, corremos pela faixa de pedestre; corremos para chegar a tempo do elevador; corremos para alcançar o ônibus; o mercado aberto; a fila do cinema. Andamos contra o tempo a fim de conseguirmos o que tanto desejamos e, no entanto, que ironia, quando mais corremos contra ele, menos tempo temos.
Assim é para a maioria. Mas há também aqueles que acreditam na continuidade; na extensão de uma vida. Um tema melindroso, afinal fala-se de crenças e por isso muito bom senso nas palavras, por favor! Palavras estas colocadas com todo o cuidado no livro “Duas vidas, o encontro de uma mulher”, de Bertha Andrade Vidili. O livro traz um romance espírita que narra a história de uma mulher. Como é apresentado no prefácio da obra, “na primeira parte ela é Gwen, uma camponesa dos Aples suíços. [...] Na segunda, é Natália, a filha de um senhor de engenho do Recôncavo baiano”. A história de Gwen se passa no século XVI e a de Natália no século XVIII. As duas compartilham de uma vida em comum, com cenários e universos culturais distintos, no entanto com o mesmo espírito.
Poderíamos assim dizer que são dois romances, mas, na verdade, é um só. A mesma mulher, os mesmos conflitos, amores, desilusões e desafios; ou como diz a autora, “a mesma mulher vivendo temas existenciais que se repetem”. Para aqueles que não acreditam em espiritismo, fica a mensagem de uma vida com ponto final. Àqueles que compartilham da doutrina, o sentimento de que a vida continua, mesmo que de maneira não linear. Talvez por isso, de alguma forma, essas duas crenças acabem por se cruzar. Indiferente se continuamos em outros tempos, as palavras que não foram ditas a um bom amigo, não serão mais apresentadas. Não com o sentimento que, por pressa ou ingenuidade, deixamos para depois. “Duas vidas” é mais que um romance. É um bom momento para analisar o que se faz; aguçar a sensibilidade e respeitar o próximo.


Boa leitura!

10.23.2009

Eu pego esse homem

Nunca brinque com uma mulher. Nunca!
Isso não é uma ameaça, tão pouco apenas uma frase afirmativa. É mais um conselho. Se você é dado a recebê-los, aceite a frase acima em sua mais completa magnitude. Porque brincar com uma mulher é desmerecer o seu senso crítico; é fazer de conta que ela acatará a brincadeira com risos e complacência; que não tentará impor o seu ponto de vista (e, porque não, a força). Mulheres são sérias; têm sentimentos aflorados (e exagerados); e quando tomadas pela raiva, ciúme e senso de proteção tornam-se imprevisíveis.
Você não precisa nem conhecer uma infinidade de tipos para perceber estas características. Mulheres são as mesmas em todo o lugar; sob as condições mais diversas e estapafúrdias e com diferentes homens. Seja ela sua mãe, prima, tia, namorada ou amante. Como já disse Martha Medeiros: toda uma mulher é doida e santa, impossível não ser! E o mais incrível: ela é as duas ao mesmo tempo. Talvez por isso muitas relações não deem certo. Existe uma diferença extremamente tênue entre o que é correto, indicado e o que os instintos pedem que seja feito. Dependendo da situação, um ou outro prevalece; talvez até mesmo vários deles juntos.
Também por esse motivo, mulheres abandonadas são um perigo ainda maior. Indiferente se o fato aconteceu no quarto de brinquedos, pela babá; na cama de hotel, pela melhor amiga; ou no altar, por uma “simples” dúvida. O abandono faz com que mulheres tranquilas e pacíficas tornem-se melindrosas. Um exemplo? Esther Bracket, mãe de Penny, que é noiva de Bram, filho de Keith. Cansou? Tome fôlego porque essa história vai longe. O romance de Valerie Frankel, “Eu pego esse homem”, traz a história de uma jovem de 23 anos abandonada no altar e que descobre em sua mãe uma sequestradora, possível mandante do assassinato do pai e cúmplice em mais algumas brutalidades incoerentes com o perfil característico de “mãe”.
Desde a data do casamento, ao sequestro, fuga, internação hospitalar e intermináveis revelações descritas em bilhetes de papel, nos colocamos a par de um verdadeiro reality show. Nele, conhecemos também a diversidade de feições e armaduras que veste uma mulher. Por tudo isso, não se esqueça de uma coisa: cuidado com as garrafas de champagne. Elas costumam ocasionar grandes reviravoltas na mão de uma mulher, seja ela qual for.

Quando nada importa


Às vezes, quando tocamos em assuntos que se assemelham podemos nos tornar repetitivos, principalmente no que diz respeito a relações humanas. Além de muita contrariedade, o tema traz pontos de vista bastante particulares e íntimos. Cada um, com suas experiências, busca entender, ajudar ou mesmo conviver com fatos que acontecem e que por vezes não são compreendidos. Tarefa difícil, para não dizer impossível. Simplesmente porque cada um, com suas próprias concepções, encara as respostas e reações do outro da maneira que consegue absorver.
Nessa confusão toda, o que é certo para um, pode não ser para outro; o que é exagero para um, não é para outro; e assim vamos levando. Tentando imaginar o que devemos falar, expressar e sentir. Há até quem pense que uma bola de cristal cabe bem nessas situações. No entanto, há uma coisa nisso tudo que pode auxiliar (pelo menos um pouco). Isso chama-se amor. Não falamos apenas de “love you”; amor de paixão ou carnal. Mas o amor em sua forma mais pura e mais essencialista. Para aqueles que acreditam, a dica do livro vem bem a calhar: “Quando nada importa só o amor pode iluminar os corações rancorosos”, de Valéria Lopes. O livro, que é uma mistura de romance, espiritismo e mediunidade, retrata a história de vida, morte e angústia de uma família.
Mais do crer no espiritismo, ser romântico ou coisa e tal, é preciso, quando se lê um livro como este, acreditar na história; é supor qual o porquê levou determinado sujeito a escrever essas linhas. Nesse caso, não resta dúvidas. Nada de romantismo. Afinal, não é porque chove lá fora, fazendo aquele barulhinho gostoso que dá vontade de te uma companhia especial; não é pelo medo de ficar sozinho que devemos pensar no amor. Valéria Lopes foi clara quando apresentou esse sentimento de maneira pura. O amor que tem perdão, que não é ciumento; que acolhe; dá carinho; compreensão; que quer o bem. Só esse amor é capaz de atingir aqueles que têm aura pesada; que sempre vêem problema em tudo; que não conseguem ver a diferença entre um dia de sol e outro de tempestade.
É para essas pessoas que o livro foi feito. Indiferente se é católico, evangélico ou espírita. Importa apenas que você tenha o mínimo de amor no coração para receber essa história e quiçá aprender alguma coisa.