Incrível como às vezes não gostaríamos de ser quem somos. Preferíamos fazer de conta que não foi nossa aquela ideia estapafúrdia; esquecer a ligação no meio da madrugada; ignorar aquela mentirinha tola que largamos sabe-se lá o porque; esquecer que somos preconceituosos, mesquinhos, fúteis e incontroláveis.
Mas, de repente, numa explosão de carência achamos que somos (antes de tudo) sempre os prejudicados. Então, adotamos aquela cara de coitado e esperamos que alguém perceba como somos bons, puritanos e frágeis. Se ainda assim, nada disso funcionar (arg!), nos detestamos ainda mais. E, aí bate uma sensação de remorso, uma angústia vinda não sei da onde e então temos duas alternativas: correr atrás e tentar recuperar o estrago feito ou deixar como está.
Exageros à parte, algumas dessas atitudes não fazem nem “cócegas” no andamento rotineiro das nossas atividades e intenções; outras, no entanto, designam o curso de um destino, tal como aconteceu com Hassan. Ele sabia que era servo e que servo seria. Respeitava e amava seu amigo e também patrão, Amir. Amir também gostava de Hassan e assim se construiu a história destes dois meninos que cresceram juntos, na mesma casa, com vidas muito diferentes.
Hassan e Amir são os protagonistas do romance de Khaled Hosseini, O caçador de pipas. Best seller em 2008, o livro apresenta o Afeganistão da década de 70 através da história de Amir, rico e “bem-nascido”, sempre em busca da aprovação do pai; e Hassan, de família humilde, que não sabia ler, nem escrever, mas que era conhecido por sua coragem e bondade. Bondade essa que definiria os acontecimentos do inverno de 1975, naquele que teria tudo para ser o mais inesquecível dos campeonatos de pipas. Amir precisava ganhá-lo para atrair a admiração do pai e Hassan, como sempre, fiel e atencioso, o apoiaria nesta conquista.
Depois de horas encarando o céu azul, Amir derrubou a última pipa. Mas fez mais, derrubou também a oportunidade de demonstrar a mesma fidelidade de Hassan; jogou ao chão a chance de provar que, sim, tinha coragem o suficiente para defender o amigo e enfrentar o que disso resultasse.
Amir não fez nada disso. Em troca guardou por anos a pior das suas lembranças. Lembranças que, como falávamos acima, o faziam sentir vergonha e preferir que nada daquilo tivesse acontecido. Hassan sofreu calado. Os dois nunca mais viram o mesmo céu azul, nem as pipas, nem compartilharam histórias. Não como antes. Porque na vida é mais ou menos assim: cada gesto, ação e palavra (ou ausência dela) nos leva a uma direção. Nem sempre é possível voltar. Por isso, é preciso deixar falar o que sentimos. As escolhas passam a ser mais humanas e menos cruéis. Não é fácil. Mas, afinal, quem falou que seria?!
Mas, de repente, numa explosão de carência achamos que somos (antes de tudo) sempre os prejudicados. Então, adotamos aquela cara de coitado e esperamos que alguém perceba como somos bons, puritanos e frágeis. Se ainda assim, nada disso funcionar (arg!), nos detestamos ainda mais. E, aí bate uma sensação de remorso, uma angústia vinda não sei da onde e então temos duas alternativas: correr atrás e tentar recuperar o estrago feito ou deixar como está.
Exageros à parte, algumas dessas atitudes não fazem nem “cócegas” no andamento rotineiro das nossas atividades e intenções; outras, no entanto, designam o curso de um destino, tal como aconteceu com Hassan. Ele sabia que era servo e que servo seria. Respeitava e amava seu amigo e também patrão, Amir. Amir também gostava de Hassan e assim se construiu a história destes dois meninos que cresceram juntos, na mesma casa, com vidas muito diferentes.
Hassan e Amir são os protagonistas do romance de Khaled Hosseini, O caçador de pipas. Best seller em 2008, o livro apresenta o Afeganistão da década de 70 através da história de Amir, rico e “bem-nascido”, sempre em busca da aprovação do pai; e Hassan, de família humilde, que não sabia ler, nem escrever, mas que era conhecido por sua coragem e bondade. Bondade essa que definiria os acontecimentos do inverno de 1975, naquele que teria tudo para ser o mais inesquecível dos campeonatos de pipas. Amir precisava ganhá-lo para atrair a admiração do pai e Hassan, como sempre, fiel e atencioso, o apoiaria nesta conquista.
Depois de horas encarando o céu azul, Amir derrubou a última pipa. Mas fez mais, derrubou também a oportunidade de demonstrar a mesma fidelidade de Hassan; jogou ao chão a chance de provar que, sim, tinha coragem o suficiente para defender o amigo e enfrentar o que disso resultasse.
Amir não fez nada disso. Em troca guardou por anos a pior das suas lembranças. Lembranças que, como falávamos acima, o faziam sentir vergonha e preferir que nada daquilo tivesse acontecido. Hassan sofreu calado. Os dois nunca mais viram o mesmo céu azul, nem as pipas, nem compartilharam histórias. Não como antes. Porque na vida é mais ou menos assim: cada gesto, ação e palavra (ou ausência dela) nos leva a uma direção. Nem sempre é possível voltar. Por isso, é preciso deixar falar o que sentimos. As escolhas passam a ser mais humanas e menos cruéis. Não é fácil. Mas, afinal, quem falou que seria?!
Boa leitura!