4.06.2010

Tudo o que eu queria te dizer


Quantas coisas queríamos dizer e calamos? Quantas vezes abrimos a boca para despejar toda a raiva, todo o amor, carinho, saudade, angústia, desejo, desespero e acabamos optando pelo silêncio?
A fala que, simplesmente, não saiu; o nó na garganta; o medo; a vertigem; o pavor de não saber qual a reação do outro ao ouvir que você o traiu; que você o amava; que o odiava; que preferia não ter saído naquela noite, não ter visto o cachorro, nem oferecido carona; que não queria ter iniciado o tratamento daquele casal; não ter optado por desprezar a maternidade. Tudo aquilo que para na ponta da língua e não sai. Não sai e você não sabe o porquê. Simplesmente deixa o silêncio te levar e, então, como última alternativa, escreve. Escreve cartas. Nada de emails ou mensagens instantâneas. Mas cartas!
E, então, dedos que não estavam habituados à tarefa se dedicam a escolher palavra por palavra; imaginar os efeitos dos seus significados e a descrever tudo o que não foi possível fazer pessoalmente ou ao telefone. A reunião de algumas destas cartas Martha Medeiros organizou em “Tudo o que eu queria te dizer”, um livro que, acima de tudo, incita.
Entre uma linha e outra, a história de amor, de despedida, de raiva, de dor, arrependimento, dúvida, angústia, felicidade, medo, pudor, revelação. Cartas de muitas vidas; assinadas com carinho, sutileza e cordialidades. Cartas escritas pelo Régis, pela Graça, pelo André, pela Lúcia, Esther, Renata, Dinorá, Juliana e Brito.
Depois de lê-las, queremos saber se receberam resposta; se o perdão foi aceito; se as lembranças chegaram. Saber se valeu a pena; se é assim mesmo que as coisas funcionam ou se arrependem-se de não ter falado cara-a-cara. De não ter gritado olhando nos olhos do outro; de não ter abraçado em público; ligado quando falou que ligaria.
Eles eternizaram suas vidas livro; nós (por enquanto) eternizamos aqui, na rotina; cada um com suas desculpas e prioridades. Nada de mais. Se gostamos, falamos. Se não gostamos, falamos também. Se queremos por perto, chamamos. Se odiamos, mantemos distância. Se somos felizes, sorrimos. Se somos tristes choramos.. Assim, fácil como escrever.

Boa leitura e até a próxima semana!

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