10.26.2010

Esquisita como Eu

Sabe aquele dia em que você acorda e tudo parece meio devagar? O telefone não toca, o e-mail não chega, nem sol, nem chuva, nem nada. Nada além do que já estamos acostumados a receber e esperar. Dias assim têm mais características em comum: demoram para passar, geralmente caem na segunda-feira e, a melhor de todas, parecem não acontecer com os outros.
Essa última, suponho, acontece porque insistimos em pensar que tudo (quando é ruim) só acontece conosco. Dessa forma supomos que os outros (felizes e sorridentes) nunca tenham tido tamanha experiência.
É assim quando olhamos para nós... e quando olhamos para os outros: sempre traçamos comparações. E, comparando esta obra (“Esquisita como Eu”) com as demais da autora (Martha Medeiros) impossível não sentir a diferença.
Em sua estreia na literatura infantil, a cronista gaúcha lança palavras que, de letra em letra, se constituem numa breve explanação sobre um pouco disso que falávamos: ser igual, ser diferente. Marta apresenta as esquisitices de sua personagem e ao falar dela, fala das esquisitices de todos os outros também, ora por serem iguais, ora por serem diferentes. Ou um, ou outro. Talvez nenhum ou todos.
Ilustrado por Laura Castilhos, o livro apresenta o colorido, o inexato e o inesperado de cada sujeito frente a esquisitice dos outros, sejam eles crianças, adultos ou adultos que desejam ser para sempre pequenos (ou pequenos que quando crescerem querem pensar menos, ter problemas pequenos, apenas com tempo para seu gato e cachorro). A parte isso, as comparações servem apenas para evidenciar algo que já estamos fartos de saber: que somos diferentes e que pela diferença vivemos. Do contrário, seria uma baita monotonia. Certa está a personagem de Martha Medeiros em ver suas próprias esquisitices frente a “igualdade” dos outros. O exercício mostra que assim parecemos mais autênticos, como as crianças.

Boa leitura!

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