Diariamente, acordamos e buscamos desenvolver nossas atividades da melhor maneira possível. Para a maioria, esse dia inicia com o badalar do despertador. Aquele barulho inócuo, ora distante ora próximo o suficiente para desejarmos quebrá-lo em cinco pedacinhos. Com esse barulho intermitente despertamos ao dia que há de se seguir. Isso é rotina, como todo o resto que fazemos. No entanto, se de repente algo lhe fizesse ver o mundo de uma maneira diferente? Se, de repente, você simplesmente não conseguisse ficar de pé e dar um passo após o outro? Se as pessoas não o vissem com os mesmos olhos? Se todos te achassem estranho e nojento? E se você, simplesmente, não conseguisse imaginar o porquê? Arg! Muita coisa para uma manhã só!
É assim “A metamorfose”, de Franz Kafka: muita coisa em um livro só! Para aqueles que duvidam, convido a ler o romance mais estudado, comentado e mais aplaudido dos últimos tempos. Não é drama não, gente! A quem nunca ouviu falar desse romance, preste atenção na maneira como o autor dá início à história: “certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”. Ficou com vontade de ler mais? É exatamente isso que pensam todos os leitores da obra que, a partir daí, só o larguem quando chegarem ao final.
“Ao despertar de sonhos intranquilos”, narra Kafka... Quem de nós não temos sonhos intranquilos... que não despertamos durante a noite, atordoados, muitas vezes sem saber sequer o porque?! “Metamorfoseado num inseto monstruoso”... só mesmo um grande artista mesmo para imaginar e criar tal situação.
Tentar apontar um dos caminhos que podem ser seguidos ao “interpretar” o texto de Kafka é perigoso e simplista demais. Quando um texto não é “mastigado”, tal como esse, cada um compreende o que lê de uma maneira bem particular, segundo seus próprios anseios e convicções.
Kafka construiu o texto em 20 dias, no entanto, nós precisamos de muito mais para tentar imaginar tudo o que a obra compreende. Por exemplo, ao afirmar que o caixeiro-viajante torna-se um “inseto monstruoso”, muitos o irão transformar no seu inseto mais temido. Ou seja, conforme seus medos e aflições veremos Gregor, ora como besouro, ora como uma imensa barata. Ao passo que ele assume as características de um bicho assim (terrível aos olhos de quem lê), a ele designamos tudo o que destinaríamos a esse bicho, talvez com um pouco mais de compaixão. Mas, não com menor nojo, medo e repugnância. Outros compreendem que, talvez, o autor tenha expresso apenas uma imaginação fértil ao seu personagem principal, muito embora, por vários momentos tenha ficado claro que outros o viam da maneira “grotesca” que estava. Nesse caso, Gregor ainda seria o mesmo, continuaria com braços, mãos e pernas, mas se imaginaria transformado num inseto monstruoso para que assim não pudesse continuar sua rotina de maneira mesquinha, sem decidir o que fazer. Sem, ao menos, poder planejar o que falar. Levando em consideração esse pensamento, ao passo que não possui braços, símbolo do trabalho, ele fica impossibilitado de cumprir com suas obrigações e, a partir daí, tudo se prossegue: a falta de compreensão da família, até então sustentada por ele, a falta de atenção a ele como membro do grupo e, principalmente, o sentimento de que ele não passa de um ser que levava comida e respondia pelos seus deveres de rapaz honesto.
Todos esses pensamentos e compreensões surgem porque nos fazemos e imaginamos muito distintos dos “outros”. O ser humano assume, diariamente, um papel “superior” frente outros animais. No entanto, quando o autor nos faz imaginar que também poderíamos sofrer um processo semelhante ao de Gregor Samsa, experimentamos de um sentimento totalmente novo e incerto. Sentimos nojo e ao mesmo tempo “pena”. Percebemos que ele “estorva” a família, mais ainda o vemos como parte dela. Talvez porque pensemos que nada é impossível e que também nós podemos nos metamorfosear em um bicho. Afinal, como acordamos essa manhã?
Boa Leitura!
É assim “A metamorfose”, de Franz Kafka: muita coisa em um livro só! Para aqueles que duvidam, convido a ler o romance mais estudado, comentado e mais aplaudido dos últimos tempos. Não é drama não, gente! A quem nunca ouviu falar desse romance, preste atenção na maneira como o autor dá início à história: “certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”. Ficou com vontade de ler mais? É exatamente isso que pensam todos os leitores da obra que, a partir daí, só o larguem quando chegarem ao final.
“Ao despertar de sonhos intranquilos”, narra Kafka... Quem de nós não temos sonhos intranquilos... que não despertamos durante a noite, atordoados, muitas vezes sem saber sequer o porque?! “Metamorfoseado num inseto monstruoso”... só mesmo um grande artista mesmo para imaginar e criar tal situação.
Tentar apontar um dos caminhos que podem ser seguidos ao “interpretar” o texto de Kafka é perigoso e simplista demais. Quando um texto não é “mastigado”, tal como esse, cada um compreende o que lê de uma maneira bem particular, segundo seus próprios anseios e convicções.
Kafka construiu o texto em 20 dias, no entanto, nós precisamos de muito mais para tentar imaginar tudo o que a obra compreende. Por exemplo, ao afirmar que o caixeiro-viajante torna-se um “inseto monstruoso”, muitos o irão transformar no seu inseto mais temido. Ou seja, conforme seus medos e aflições veremos Gregor, ora como besouro, ora como uma imensa barata. Ao passo que ele assume as características de um bicho assim (terrível aos olhos de quem lê), a ele designamos tudo o que destinaríamos a esse bicho, talvez com um pouco mais de compaixão. Mas, não com menor nojo, medo e repugnância. Outros compreendem que, talvez, o autor tenha expresso apenas uma imaginação fértil ao seu personagem principal, muito embora, por vários momentos tenha ficado claro que outros o viam da maneira “grotesca” que estava. Nesse caso, Gregor ainda seria o mesmo, continuaria com braços, mãos e pernas, mas se imaginaria transformado num inseto monstruoso para que assim não pudesse continuar sua rotina de maneira mesquinha, sem decidir o que fazer. Sem, ao menos, poder planejar o que falar. Levando em consideração esse pensamento, ao passo que não possui braços, símbolo do trabalho, ele fica impossibilitado de cumprir com suas obrigações e, a partir daí, tudo se prossegue: a falta de compreensão da família, até então sustentada por ele, a falta de atenção a ele como membro do grupo e, principalmente, o sentimento de que ele não passa de um ser que levava comida e respondia pelos seus deveres de rapaz honesto.
Todos esses pensamentos e compreensões surgem porque nos fazemos e imaginamos muito distintos dos “outros”. O ser humano assume, diariamente, um papel “superior” frente outros animais. No entanto, quando o autor nos faz imaginar que também poderíamos sofrer um processo semelhante ao de Gregor Samsa, experimentamos de um sentimento totalmente novo e incerto. Sentimos nojo e ao mesmo tempo “pena”. Percebemos que ele “estorva” a família, mais ainda o vemos como parte dela. Talvez porque pensemos que nada é impossível e que também nós podemos nos metamorfosear em um bicho. Afinal, como acordamos essa manhã?
Boa Leitura!
2 comentários:
nossa como vc esta escrevendo bem, a cada dia q passa vc cresce como pessoa e profissional, parabens!!
pra sempre um dos meus livros preferidos. parabens pelo blog, qndo puder dá uma passada no meu, que tem resenhas de discos e notícias sobre música - embora esteja meio desatualizado...
http://leiturasmusicais.blogspot.com/
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