9.09.2010

De repente, nas profundezas do bosque



Ler histórias infantis sempre nos faz refletir um pouco mais sobre a maneira como conduzimos nossas atividades, seja no trabalho ou em casa, com a família. Nos faz parar para pensar sobre o que elencamos como vital em nosso cotidiano e, por estas características, se tornam histórias encantadoras.
O livro (infantil) desta semana, em primeiro lugar, me despertou três perguntinhas, são elas: quem nunca quis fugir? Sair pela porta da frente e nunca mais voltar. Deixar os problemas financeiros de lado; a conversa inacabada de outro e seguir, sem rumo, pensando apenas no próximo caminho? Quantas vezes nos deixamos abater por opiniões de terceiros e passamos a ser influenciados por pessoas que se julgam melhores e superiores? E, por fim, quantas vezes desejamos voltar a ser crianças para deixar de lado os compromissos, obrigações, negociatas e decisões?
O mundo das crianças, referenciado por muitos adultos como algo quase utópico, revela um universo onde só coisas boas acontecem. No entanto, como contentar-se não é um verbo muito em uso pelo ser humano, quando crianças desejamos logo sermos adultos para, então, fazermos nossas próprias escolhas, decidirmos a roupa e o brinquedo que queremos comprar, escolhermos o canal de TV, sem ninguém reclamar, etcétera. No entanto, apesar desta divergência de vontades e anseios, algumas pessoas (adultas e crianças) parecem sempre conter um segredo que lhes fazem ser mais feliz. Segredo como o de Maia e Mati, duas crianças de um pequeno vilarejo criado por Amós Oz.
O pequeno vilarejo onde vivem passou, há algum tempo, por uma espécie de maldição. Maia e Mati só ouviram falar deste período (onde existiam animais de todas as espécies, desde aves, répteis, peixes) e, aos poucos, vão entendendo que segredo é esse. Mas, como cita o autor, “acontecem aqueles momentos em que todos nós sem exceção, nos assustamos e ficamos apavorados, às vezes ficamos cansados, ou com fome; momentos em que nos empenhamos muito para que fique tudo bem, não muito quente nem frio” e, nesses momentos, nos igualamos a qualquer outra espécie, nos igualamos a qualquer coisa, indiferente do que fazemos, da nossa idade ou da nossa condição social. Pois “todos nós, sem exceção, tentamos a maior parte do tempo nos preservar e nos guardar de tudo o que corta, morde e fura”. Ou seja, todos nós temos apenas um interesse: se preservar.
Porém, esta é só uma história infantil e você, provavelmente, esteja abarrotado de trabalho, sem tempo para este tipo de conversa.

Boa leitura e até a próxima semana!

Um comentário:

Barja disse...

Prezada Sil,
muito interessante o blog, parabéns! E fico também contente por você colocar aqui essa postagem sobre "literatura infantil". Eu sou cordelista e gosto muito de escrever "folhetos infantis". Coloco entre aspas porque acho que algo que é escrito para crianças, se for bom, poderá atingir toda e qualquer pessoa.
Se quiser conhecer meu trabalho: www.cordeisjoseenses.blogspot.com
Abraço,

Paulo Barja