1.21.2009

Carrasco do amor

Incrível como algumas palavras, por menor que sejam, possam causar tamanha impactação, estranheza e relutância entre as pessoas. Digo “algumas palavras” porque não são todas as horas que estamos dispostos a pensar em nós e nos outros e refletir sobre o significado e sentido de “algumas palavras”. No instante que isso acontece, a cabeça ferve, os pensamentos se cruzam, as idéias se fundem e, de repente, vão chegando palavras atrás de palavras. Algumas formam bonitas frases, outras se colocam tal como a que dá início ao livro dessa semana “O carrasco do amor”, de Irvin Yalom. A frase é “o que você quer?”.
São essas quatro palavrinhas que dão início à narrativa de dez casos diferentes de pessoas que enfrentaram seus problemas. Mas, você poderia perguntar o que esse questionamento (“o que você quer?”) tem a ver com problemas?! Acontece, segundo o autor, que tanto querer e tanta saudade esbarram na dor. Essa, por sua vez, nos lembra que os desejos não são totalmente realizados e daí vem a frustração. Nesse momento, então, passamos a procurar ajuda, tal como esses dez indivíduos que procuraram o psicoterapeuta Yalom.
A situação em comum dos casos é o querer. Todos “apresentam problemas comuns da vida cotidiana: solidão, enxaqueca, auto desprezo, impotência, compulsão sexual, obesidade, hipertensão, tristeza, obsessão amorosa consumidora, oscilações de humor, depressão” e querem resolver seus problemas. Assim, todos esses “probleminhas” têm raiz no querer e se elevam à temida “dor”. É essa “dor existencial” que, segundo o autor, é a base da psicoterapia. Porque através dela temos consciência de até onde poderemos ir com nossos anseios. “As lutas instintivas reprimidas” ou os “fragmentos imperfeitamente enterrados em um passado pessoal trágico” são, conforme explica Yalom, a angústia básica que emerge dos esforços (querer) do indivíduo em seu cotidiano.
De maneira resumida (e talvez até limitada em detalhes) significa dizer que queremos a todo o instante. Nos esforçamos ao máximo diante de certas tarefas e mesmo assim, não são poucas as vezes que surge a angústia por não obter um resultado final de acordo com o imaginado. Essa angústia se transforma então em dor e é curada apenas com a vontade de cada um, tal como nos casos desse livro, que é técnico e extasiante ao mesmo tempo. Que pode até parecer específico demais à área da psicoterapia, mas cabível diretamente em nosso cotidiano. Por exemplo, quando o autor diz: liberdade significa que a pessoa é responsável por suas próprias ações e condição de vida. Será que isso só serve apenas a psicoterapeutas?!
É uma boa dica para iniciarmos nós uma auto-avaliação. Por isso, arrisco dizer que esse é um livro que serve tanto para especialistas como para pessoas como eu e você. Basta querer.

“É possível enfrentar as verdades da existência e aproveitar o seu poder para a mudança e o crescimento pessoal”.
Boa Leitura!

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