O ser humano é feito de sensações. Sentimo-las das mais variadas formas e em diferentes intensidades. O fato é que elas sempre estão ali: junto daquilo que fazemos. Se vamos ao mercado, sentimos a sensação de “realização” (afinal, trabalhamos para desfrutar dessa compra); se estamos com a namorada, sentimos que ali nada está totalmente completo e definido; sentimos também a sensação de vazio que vai se preenchendo ao passo que viramos a página de um livro, enfim, milhares de outras sensações poderiam ser aqui citadas, não fosse a sensação de falta de memória de quem escreve.
Não obstante, falemos exclusivamente daquelas sentidas quando desempenhamos algum serviço ou algo que se queira há bastante tempo. Assim, que terminamos, sentimos um misto dessas sensações (subjetivas em qualquer descrição) e, então, a concepção do que ela possa significar fica mais difusa. Para alguns, mais do que um trabalho, o ato de fazer algo que tenha a ver com o desempenho profissional diz respeito à realização e daí surgem sensações de “dever cumprido” e aquele gostinho de não ver a hora em fazer de novo para se satisfazer; mas, há também, os que, simplesmente, não sabem o que fazer com o resultado em mãos.
Assim acontece com Luiz Vaz de Camões, quando vê impresso seu livro “Os Lusíadas”, em 1572. A história da “impressão” dessa obra (e mais duas peças) é narrada por José Saramago e pode ser acompanha em “Que farei com este livro?”, pergunta que também se faz Luiz Vaz de Camões ao tocar em seu trabalho finalizado.
Por todo o reino de Portugal ele, Camões, era conhecido e assim foi para cada um dos que liam os textos que desenvolvia. Camões, após retornar das Índias, onde passou dezessete anos, negociou com a Inquisição e com a corte portuguesa a permissão para publicar a obra que viria a ser considerada a maior de toda a língua portuguesa. Mas, assim como hoje, fazer um trabalho e as outras pessoas reconhecerem nele um esforço é totalmente diferente de receber apoio ou mesmo incentivo para que ele, realmente, aconteça. Assim foi com o português e assim é com tantos outros Luizes que lutam diariamente para fazer de seu trabalho espaço de satisfação e encontro de sensações.
O fato narrado por Saramago aconteceu há mais de quinhentos anos e, mesmo assim, é como se ao virar as páginas encontrássemos ali mais um Pedro ou João que esbravejam seus sonhos aos quatro ventos; desses que fazem de desejos a realidade; que apesar de manter os pés no chão conseguem mais do que apenas repetir funções e deveres; pessoas que muitos não conseguem compreender e que ainda julgam como loucos, utópicos e (acreditem) enfadonhos. Pessoas como Torres, da segunda peça apresentada no livro (A noite): um jornalista que vê a redação em que trabalha se transformar numa verdadeira maquete da “grande” Portugal em plena Revolução dos Cravos (1974). Desses dois sujeitos nos restam a vontade de tocar em algo que seja, ao mesmo tempo, verdadeiro e sensível; que seja real como as pessoas que compõem as peças de Saramago. Nem que seja para que ao final apenas nos perguntemos o que faremos com este livro. Porque talvez a resposta seja curta e mais prática que o imaginado: repassamos e indicamos a outros que também queiram apreciar mais uma boa narrativa do escritor português e sentir aquelas sensações de que falávamos no início.
Boa leitura!
Não obstante, falemos exclusivamente daquelas sentidas quando desempenhamos algum serviço ou algo que se queira há bastante tempo. Assim, que terminamos, sentimos um misto dessas sensações (subjetivas em qualquer descrição) e, então, a concepção do que ela possa significar fica mais difusa. Para alguns, mais do que um trabalho, o ato de fazer algo que tenha a ver com o desempenho profissional diz respeito à realização e daí surgem sensações de “dever cumprido” e aquele gostinho de não ver a hora em fazer de novo para se satisfazer; mas, há também, os que, simplesmente, não sabem o que fazer com o resultado em mãos.
Assim acontece com Luiz Vaz de Camões, quando vê impresso seu livro “Os Lusíadas”, em 1572. A história da “impressão” dessa obra (e mais duas peças) é narrada por José Saramago e pode ser acompanha em “Que farei com este livro?”, pergunta que também se faz Luiz Vaz de Camões ao tocar em seu trabalho finalizado.
Por todo o reino de Portugal ele, Camões, era conhecido e assim foi para cada um dos que liam os textos que desenvolvia. Camões, após retornar das Índias, onde passou dezessete anos, negociou com a Inquisição e com a corte portuguesa a permissão para publicar a obra que viria a ser considerada a maior de toda a língua portuguesa. Mas, assim como hoje, fazer um trabalho e as outras pessoas reconhecerem nele um esforço é totalmente diferente de receber apoio ou mesmo incentivo para que ele, realmente, aconteça. Assim foi com o português e assim é com tantos outros Luizes que lutam diariamente para fazer de seu trabalho espaço de satisfação e encontro de sensações.
O fato narrado por Saramago aconteceu há mais de quinhentos anos e, mesmo assim, é como se ao virar as páginas encontrássemos ali mais um Pedro ou João que esbravejam seus sonhos aos quatro ventos; desses que fazem de desejos a realidade; que apesar de manter os pés no chão conseguem mais do que apenas repetir funções e deveres; pessoas que muitos não conseguem compreender e que ainda julgam como loucos, utópicos e (acreditem) enfadonhos. Pessoas como Torres, da segunda peça apresentada no livro (A noite): um jornalista que vê a redação em que trabalha se transformar numa verdadeira maquete da “grande” Portugal em plena Revolução dos Cravos (1974). Desses dois sujeitos nos restam a vontade de tocar em algo que seja, ao mesmo tempo, verdadeiro e sensível; que seja real como as pessoas que compõem as peças de Saramago. Nem que seja para que ao final apenas nos perguntemos o que faremos com este livro. Porque talvez a resposta seja curta e mais prática que o imaginado: repassamos e indicamos a outros que também queiram apreciar mais uma boa narrativa do escritor português e sentir aquelas sensações de que falávamos no início.
Boa leitura!
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