2.04.2010

Lua Nova


Após cada entardecer, iniciamos uma transição. Deixamos a claridade da luz para nos perder no breu da noite. Noites que podem ser longas, frias, cheias, curtas ou quentes. Nestas mesmas noites é possível sentir uma companhia que, mesmo distante, assiste a tudo o que fazemos. A lua, dividida em quatro fases, mantém sua singularidade e originalidade justamente por nunca ser a mesma. De período em período é outra. Na lua nova, por exemplo, a sua face visível não recebe a luz do sol; isso acontece porque os dois astros estão na mesma direção. Nessa fase, ela está no céu durante o dia, nascendo e se pondo aproximadamente junto com o sol.
Os dois desfrutam, assim, do mesmo cenário e das mesmas situações que nós, aqui em baixo, desenvolvemos. Trabalho, conversas, ações, pensamentos e reações, tudo sob a visão cuidadosa dos dois astros. São promessas não cumpridas; sorrisos; palavras jogadas ao acaso; atitudes egoístas; sentimentos não vividos; intenções; olhares; planos de ficar ao lado de quem se ama, como Bella Swan queria; desejos como o de Edward Cullen de preservar um amor mesmo que para isso precisasse fazer de conta que ele nunca existiu.
(Algo te pareceu familiar?)
Na sequência à série mais vendida em 2009, estes dois protagonistas colocam à prova um sentimento puro e destemido. Em Lua Nova, de Stephenie Meyer, o romance colegial (pelo menos para Bella) desafia a segurança e a sobriedade da pequena cidade de Forks. E não poderia ser diferente, pois, como cita Bella “depois que você gosta de uma pessoa, é impossível ser lógica com relação a ela” e, talvez por isso, sem qualquer resquício de coerência passamos a acompanhar aquele amor tão difícil de resistir.
Um amor imprevisível, desses que dificilmente voltaremos a ver senão em ocasiões assim: folheando livros. Até porque, hoje, por mais que tentemos, o frenesi do dia a dia toma conta do tempo que antes dedicávamos a sonhar e imaginar finais felizes. Não temos tempo para brincadeiras. É o resultado no trabalho; a expectativa de um novo projeto; cuidados com a família e aquilo tudo que em alguns momentos gostaríamos de esquecer. Mas, mesmo com todas as adversidades, todo o ceticismo e incredulidade, Lua Nova consegue nos fazer lembrar que histórias assim ainda acontecem (talvez sem vampiros ou lobisomens, mas semelhantes em sentimentos de dedicação e amor); nos faz perceber que talvez elas estejam bem próximas. Se não estiverem, cuidado: a felicidade também pode não estar. E aí de que terá adiantado todo o discurso, toda a energia e argumentos? Se eles não forem usados diariamente serão apenas mais uma das tantas “coisas” dispensáveis, tal como atitudes tolas que temos de, por exemplo, não perceber que a lua mudou de fase.
Boa leitura!

Nenhum comentário: