5.13.2010

Comunicação de massa sem massa


No mês em que se comemora o Dia da Liberdade de Imprensa, nada mais peculiar que falarmos sobre a comunicação e, claro, os rumos que os meios de comunicação tem tomado, bem como que liberdade é esta que tanto se fala.
Não é de hoje que o debate sobre até onde vai a liberdade dos meios de comunicação ou a falta dela acontecem. Tão antiga quanto a própria imprensa, esta discussão faz com que voltemos à história e analisemos toda a constituição do atual cenário comunicacional. E foi isso que Sérgio Caparelli fez no livro “Comunicação de massa sem massa”, ainda em 1947.
Caparelli faz um breve relato de toda a história da mídia brasileira, desde sua fundação pelas mãos de Assis Chateubriand, a sua passagem pelas regras estabelecidas com as leis de segurança nacional, as concessões públicas, o início do rádio, a ascensão da TV, a rotina dos jornais diários e o surgimento da imprensa alternativa.
Criada a partir de modelos americanos, a imprensa nacional, logo após dar os primeiros passos, se vê à margem do processo ditatorial que instalava-se. Neste processo, leis deveriam ser estabelecidas, tudo de maneira que prevalecesse a união e o patriotismo. Para isso, campanhas publicitárias começavam a conquistar seus espaços e mostrar um Brasil diferente das brigas, lutas, torturas e miséria, em prol dos objetivos nacionais. Tal como consta na pesquisa feita pelo autor: “a censura exibida nacionalmente agia através da supressão de imagens e palavras na televisão e sua substituição por problemas irrelevantes [...]. Aliás, esta censura serviu de reforço a uma predominância dos conteúdos de evasão dos Meios de Comunicação”.
A partir daí, surgem também conceitos como objetividade e imparcialidade. No entanto, estes conceitos, de acordo com o autor, vieram mais para validar uma imprensa que levava consigo ideais nada “imparciais” do que para traçar um caminho a ser trabalhado. E é neste contexto que surgem as mídias alternativas: para dar espaço e voz aos marginalizados pelo sistema. Estas “novas” formas de fazer mídia estabelecem, então, uma proximidade entre o meio e o receptor, que deixa de ser apenas parte da grande massa e se consolida como sujeito. Sujeito este que por mais que integre a “massa” não vê na programação para ela feita a discussão sobre o seu problema; não vê a sua realidade e suas particularidades. Pois, a massificação deixa todos iguais e fazer isso num país marcado pela diversidade é, no mínimo, um risco. Por ser de 1947, até que está bem atual, não é mesmo?
Boa leitura e até a próxima semana!

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