“O que é para você estar em íntima desordem?”
Foi através desta pergunta que entrei em contato com a obra que me traz aqui esta semana. Ao responder a pergunta feita pela Revista TPM, participava de um concurso cultural em que as vencedoras levariam o livro de Mara Gabrilli. A obra (Íntima Desordem) reúne textos publicados mensalmente pela TPM, pela publicitária e psicóloga. E é preciso que se diga logo: Mara é tetraplégica e é sobre o que esta mudança ocasionou em sua vida que ela escreve. (Mas não apenas sobre isso.)
A sensibilidade da escritora em dissertar sobre um tema tão delicado e que, pensem, é sobre ela mesma, faz com que nenhum dos textos seja algo triste ou de dar pena. Antes disso, Mara consegue nos fazer perceber coisas simples. Ou melhor, a importância de que certas coisas simples assumem. Como, por exemplo, o incômodo que um pernilongo pode causar; a necessidade daquela vaga para deficiente; a importância de que regras simples de respeito sejam cumpridas e não por pena, mas por “bom senso”. Como pergunta a autora mesma: “será que um dia conseguiremos viver nas cidades brasileiras com urbanidade, respeitando qualquer pessoa?”. A pergunta da Mara é sobre as vagas privativas, sobre os banheiros com espaço para cadeirantes, mas que são ocupados por diferentes pessoas e sobre a dificuldade que pessoas com deficiência encontram para desempenhar atividades simples e que, sim, são super capazes de cumprir. Claro, se houver estrutura.
Através dos textos é possível perceber que Mara sempre lidou muito bem com a questão, mesmo quando isso significou pedir que o irmão retirasse uma caca de seu nariz. Estas pequenas dificuldades são, de acordo com o livro, o que Mara mais sentiu. Ou seja, o fato de precisarmos pedir para que outros façam aquilo que nós (sempre) fizemos. Limpar o nariz pode ser muito mais complicado que, simplesmente, não poder caminhar até o supermercado.
Fica a dica, não só do livro, mas também da reflexão sobre “quem poderia tirar a caca do teu nariz caso você não mais conseguisse”; ou, quem, ao seu lado, respeitaria a vaga para deficiente?
À propósito, a resposta à pergunta foi: Estar em íntima desordem é viver em desordem total. É ser mulher; é atropelar o relógio; é o vento que balança; o perfume que encanta; o toque que arrepia; é o sono que sonha; é o sonho que acorda; é o sorriso; o bom dia; boa noite e até mais. Estar em íntima desordem é viver o desejo, o amor e a solidão; é a lágrima, o estalar de dedos e a certeza de que no outro dia tudo estará devidamente bagunçado novamente.
Boa leitura e uma ótima semana a todos!
Foi através desta pergunta que entrei em contato com a obra que me traz aqui esta semana. Ao responder a pergunta feita pela Revista TPM, participava de um concurso cultural em que as vencedoras levariam o livro de Mara Gabrilli. A obra (Íntima Desordem) reúne textos publicados mensalmente pela TPM, pela publicitária e psicóloga. E é preciso que se diga logo: Mara é tetraplégica e é sobre o que esta mudança ocasionou em sua vida que ela escreve. (Mas não apenas sobre isso.)
A sensibilidade da escritora em dissertar sobre um tema tão delicado e que, pensem, é sobre ela mesma, faz com que nenhum dos textos seja algo triste ou de dar pena. Antes disso, Mara consegue nos fazer perceber coisas simples. Ou melhor, a importância de que certas coisas simples assumem. Como, por exemplo, o incômodo que um pernilongo pode causar; a necessidade daquela vaga para deficiente; a importância de que regras simples de respeito sejam cumpridas e não por pena, mas por “bom senso”. Como pergunta a autora mesma: “será que um dia conseguiremos viver nas cidades brasileiras com urbanidade, respeitando qualquer pessoa?”. A pergunta da Mara é sobre as vagas privativas, sobre os banheiros com espaço para cadeirantes, mas que são ocupados por diferentes pessoas e sobre a dificuldade que pessoas com deficiência encontram para desempenhar atividades simples e que, sim, são super capazes de cumprir. Claro, se houver estrutura.
Através dos textos é possível perceber que Mara sempre lidou muito bem com a questão, mesmo quando isso significou pedir que o irmão retirasse uma caca de seu nariz. Estas pequenas dificuldades são, de acordo com o livro, o que Mara mais sentiu. Ou seja, o fato de precisarmos pedir para que outros façam aquilo que nós (sempre) fizemos. Limpar o nariz pode ser muito mais complicado que, simplesmente, não poder caminhar até o supermercado.
Fica a dica, não só do livro, mas também da reflexão sobre “quem poderia tirar a caca do teu nariz caso você não mais conseguisse”; ou, quem, ao seu lado, respeitaria a vaga para deficiente?
À propósito, a resposta à pergunta foi: Estar em íntima desordem é viver em desordem total. É ser mulher; é atropelar o relógio; é o vento que balança; o perfume que encanta; o toque que arrepia; é o sono que sonha; é o sonho que acorda; é o sorriso; o bom dia; boa noite e até mais. Estar em íntima desordem é viver o desejo, o amor e a solidão; é a lágrima, o estalar de dedos e a certeza de que no outro dia tudo estará devidamente bagunçado novamente.
Boa leitura e uma ótima semana a todos!
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