8.12.2010

A maior flor do mundo


Existem sentimentos que nos acompanham sem pedir permissão. E a ansiedade é um deles. É através da presença dela que muitas pessoas roem unhas, fumam, comem exageradamente e falam a quem passar na frente. Mas nem sempre a ansiedade é tão má assim. Às vezes, apenas nos faz desejar mais e criar uma grande expectativa sobre algum acontecimento. Confesso, sinto mais ansiedade do que gostaria. Não rôo unha, mas crio uma expectativa descomunal sobre as mais diferentes situações.
Por um bom tempo desejei ler um livro que parecia ser diferente, de um autor que já conheço e do qual admiro a virtude de bem escrever. O fato é que por um motivo e outro o livro foi ficando, surgiam outros e a ansiedade aguentou por longos dois anos. Se rebelou há alguns dias e, como resultado, tenho em mãos “A maior flor do mundo”, de José Saramago, o único livro infantil escrito pelo autor português que há um mês deixou-nos.
“A maior flor do mundo” é, como todo Saramago, esplêndido e o consegue por ser simples. Começa com um relato do próprio autor sobre a dificuldade em escrever para crianças que, “sendo pequenas, sabem poucas palavras, e não gostam de complicá-las”. Após a ressalva de suas “limitações”, somos, então, apresentados ao menino que encontrou e fez nascer a maior flor do mundo.
Com a simplicidade natural de toda a criança, o menino se dedicou a cuidá-la. Para isso, empregou algum esforço sobre o qual foi reconhecido posteriormente. O menino, que no momento só queria cuidar de uma flor quase morta, foi tomado como aquele que saiu da aldeia para fazer uma coisa que era muito maior do que o seu tamanho e de todos os outros. “E essa é a moral da história”, encerra Saramago. Ele que chegou a imaginar que, se tivesse as qualidades necessárias para colocar a ideia no papel, ela seria verdadeiramente extraordinária, podendo chegar a ser a “a mais linda de todas as que se escreveram desde o tempo dos contos de fadas e princesas encantadas...”.
Saramago alega não ter conseguido tal fato, mas deixou o desafio a outros, avisando como é difícil escrever a melhor história de todos os tempos, principalmente se for para criança. A quem quiser tentar contar esta história preciosa inventada pelo português, nada de muita ansiedade e lembre-se: use palavras simples. A narrativa também pode ser acompanhada em www.youtube.com/watch?v=HcDaT03y2no.

Boa leitura e até a próxima semana!

2 comentários:

Anônimo disse...

Foi mb ler a sua resenha pois por acaso fiquei sabendo deste livro e me despertou pois sou professora e acredito que posso usa-lo em sala de aula.

Unknown disse...

Obrigada, pela linguagem simples e mensagem clara sobre este livro. Com certeza citarei-a em meu blog http://catalanonaeducacao.wordpress.com/. Espero por sua visita especial e pelo seu significativo comentário. Beijos e muita luz em seu caminhar. Tânia.