Falamos sobre a correria diária, os trilhões de coisas que temos para fazer, as promessas que insistimos em mencionar tentando administrar o tempo (algo como: ler o livro comprado há dois meses, enviar aquele email ou fazer uma ligação a um amigo de longa data, enfim, promessas não nos faltam), mas pouco falamos sobre nossos medos. Talvez, por medo de que eles se tornem mais poderosos, ou, talvez, porque nem para isso mais tenhamos tempo. Talvez...
Pensar nos medos apenas quando os sentimos. E por falar em o sentir, abro a porta do banheiro e lá está ela: poderosa, astuta, pronta para a guerra. Quem? A dona barata. Ah, quantos tipos diferentes de pavores me causa aquela coisa que ora voa, ora é rápida, ora anda em círculos (ou em qualquer direção). Ela que é ágil o suficiente para fugir sem que eu me de conta para que lado ela foi, o que, na verdade, não muda muito, já que após este encontro, encosto a porta do banheiro e evito o máximo possível precisar daquele cômodo da casa.
Mas, o que tem a ver a barata inoportuna da minha casa com o medo que propus nas primeiras linhas? Num primeiro olhar, apenas o objeto que nos leva a este sentimento. No entanto, se nos deixarmos levar por 05 minutos de flerte percebemos que surgem mais alguns elementos, como por exemplo, o fato de deixarmos de fazer alguma coisa por medo de que não dê certo, de não agradar as pessoas ao nosso redor, medo da frustração, medo de não conseguir fazer, aprender, ou ensinar. Medo de magoar, temos medo até de ser feliz (se para isso for preciso ousar muito além do que costumamos fazer, então, nem se fala). Isso tudo sem falar nos medos da nossa infância: bicho papão, o monstro embaixo da cama (ou dentro do armário), alienígenas, vampiros, múmias, barulho da máquina do dentista, cães brabos, e uma série de outros temores que são brilhantemente descritos na obra infantil de Rosana Rios, “O livro dos sustos”. Foi ao ler sobre estes medos que lembrei de tantos outros. Medos de gente grande? Não sei. Sei apenas que hoje eu ri lendo o livro e pensando em como temia por tudo aquilo. Isso me faz pensar se daqui a algum tempo também darei boas risadas dos meus medos atuais. O que, de certa forma, preocupa, porque me faz pensar que o medo sempre existirá. E isso não me agrada. Mas, talvez, como proponha a autora ao falar de “medos infantis”, devamos enfrentar estes medos para aniquilá-los. Para isso, uma boa dose de coragem e talvez um pouco de audácia ajudem. Afinal, se conseguíamos quando criança, porque não pegar o inseticida e sair às catas da senhora barata. Talvez funcione!
Boa Leitura!
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